O grito de socorro de uma professora é o que lembra uma das crianças feridas no acidente ocorrido no Centro de Educação Infantil Municipal Pequenos Heróis, situada na rua Quilombo, em Chapecó. A sala onde estavam 24 crianças de 4 a 5 anos, que fica num patamar mais baixo do que a rua, foi invadida por um Chevrolet Montana com placas de Chapecó desgovernado.

O carro derrubou a grade, quebrou a porta de vidro e entrou cerca de 12 metros na sala, deixando pelo menos oito crianças feridas, segundo boletim policial. Salete Alves, vizinha da creche, disse que ouviu o motorista Hélio Luiz Foppa, 45 anos, que mora no porão da sua casa, sair com o carro.

— Ouvi o carro dar ré na rua e depois ouvi um barulho. Foi um choque ver as crianças caídas e os pais e professores gritando — disse. Quando ficaram sabendo do acidente, pessoas de toda a vizinhança correram para ajudar.

— Minha filha me ligou no posto de saúde e quando cheguei vi aquele desespero. Era um monte de criança ensanguentada no chão. Peguei uma menina no colo e ela disse: "mãe". Eu falei: o que foi filha. Daí ela desmaiou de novo. Estava colocando no carro para levar no hospital quando chegou o Samu — lembrou. Aos poucos os pais iam sendo avisados do acidente.

— Estava em Palmitos quando soube, aí o coração apertou, só consegui ficar tranquilo quando liguei para minha esposa e consegui falar com minha filha e ela disse: "estou bem" — disse um dos pais. Quando chegou em Chapecó, ele levou uma foto de sua mãe, já falecida, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

O irmão de uma das vítimas, que mora perto da creche, largou o serviço quando soube do acidente e foi correndo procurar a irmã.

— Eu vi uma viatura passar e larguei o serviço. Fui para o local e quando vi a cena comecei a chorar, até que uma professora me falou que ela tinha sido levada por uma ambulância. Ela está bem. Agora é torcer para que não faleça ninguém — disse o jovem de 24 anos.

De acordo com o soldado da Polícia Militar Thiago Lauschner, o motorista foi submetido ao exame de bafômetro e foi constatada embriaguez. Ele foi levado para a Central de Polícia, onde iria permanecer preso.

Bombeiros, Samu e Serviço Aeropolicial forma chamados para atender as crianças, que foram levadas para o Hospital da Criança. Duas delas, em estado grave, foram encaminhadas de helicóptero para o Hospital Regional do Oeste. Um boletim médico divulgado no início da noite informou que estavam em observação na UTI pediátrica, em quando estável. A menina, de 5 anos, teve hemorragia. O menino, de 5 anos, teve traumatismo craniano.

Já outras quatro crianças receberam atendimento médico, como suturas para os ferimentos, apresentavam alguns hematomas mas estavam em observação e deveriam ser liberadas até amanhã. O prefeito municipal Luciano Buligon disse que a escola era segura, que o que aconteceu foi uma fatalidade e que o município está dando toda a assistência para as famílias.